Total de visualizações de página

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PSIQUIATRIA

Estudantes e profissionais participam do Seminário “História da psiquiatria no Brasil republicano”

Pesquisadores, professores e alunos de pós-graduação que se dedicam à pesquisa  em história da psiquiatria no Brasil aproveitaram a sexta-feira (17/12) para assistir a  diversas apresentações e participar de debates,  em que especialistas fizeram um balanço dos estudos historiográficos sobre a doença mental no país.

Os trabalhos abordaram temas relacionados com os diagnósticos encontrados na primeira metade do século XX, bem como  as classificações das manifestações clínicas da doença mental vigentes no período e os tratamentos que visavam a cura.

O atendimento a doentes mentais teve início apenas em meados do século XIX — até então, os  “loucos agressivos” eram presos e os “calmos” andavam pelas ruas, sem qualquer tratamento.

Antes do encerramento do seminário, quem assistiu às palestras participou do lançamento de um número temático de História, Ciências, Saúde — Manguinhos, que inclui artigos de vários dos profissionais que falaram durante o dia.

Esta edição inclui na seção "Fontes" os textos completos de 15 artigos de psiquiatras como Juliano Moreira, Afrânio Peixoto, Henrique Roxo, Jefferson de Lemos, veiculados originalmente entre 1905 e 1930, no primeiro periódico brasileiro especializado na área de saúde mental, os Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins.

O encontro foi no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, na Urca, onde funcionou o primeiro hospício da capital. De estilo neoclássico, o prédio do Hospital Pedro II, que depois se chamou Hospício Nacional de Alienados, foi construído entre 1842 e 1852  pelos prestigiados  arquitetos José Jacinto Rebelo, Domingos José Monteiro e Joaquim Candido Guilhobel. Dom Pedro II contribuiu com parte da verba para a construção, que também contou com doações .


Preparado por uma comissão organizadora e o comitê científico, o seminário surgiu de forma articulada com os editores responsáveis pela revista, Jaime Benchimol e Roberta Cerqueira, junto com a editora convidada deste número, a pesquisadora Cristiana Facchinetti do departamento de Pesquisa da COC. Ela participa do Grupo do CNPq que investiga “o físico, o mental e o moral na história dos saberes médicos e psicológicos”. O encontro também contou o apoio da Faperj.

grupopsi
Cristiana Facchinetti, Ana Venâncio e Jaime Benchimol, da Casa, e
Margarida de Souza Neves, da PUC-Rio.
Fotos: Ruth B. Martins

Esquizofrenia, paranóia, epilepsia e outras manifestações clínicas: novas análises


Ao longo de todo o dia, os participantes do Seminário puderam acompanhar as palestras e participar dos debates distribuídos por três mesas redondas, com a apresentação de oito especialistas de instituições do Rio de Janeiro, Espírito Santo, de São Paulo e Santa Catarina.

Professora da UERJ, Magali Gouveia Engel abriu o encontro com uma análise sucinta sobre o espaço destinado pela revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos a temas relacionados com a história da psiquiatria. A pesquisadora destacou que isso ocorre desde o primeiro número, veiculado em julho de 1994, quando a revista publicou artigo do pesquisador da Ensp, Paulo Amarante, sobre a trajetória do psiquiatra italiano Franco Basaglia, que defendia a extinção dos manicômios. Engel chamou atenção para o fato de que, a partir de 1998, os trabalhos sobre o tema passaram a ser mais frequentes.

Cristiana Facchinetti fez a segunda apresentação, destacando que, a partir de 1970, surgiram os primeiros estudos sobre a história da psiquiatria no Brasil, apoiados em análises do filósofo francês Michel Foucault. “Nos últimos 30 anos”, disse, “a história da psiquiatria tomou rumos mais variados e as novas gerações ampliaram seus referenciais teóricos, objetos, enfoques e fontes”.

Alexander Jabert é doutor em ciências pela COC, com a tese De médicos e médiuns: medicina, espiritismo e loucura no Brasil na primeira metade do século XX, que ganhou o primeiro lugar na premiação nacional da Capes, em 2009, entre os concorrentes na área de história.

Sua pesquisa partiu da análise de prontuários médicos de um hospício no interior do Espírito Santo, dirigido por profissionais filiados à doutrina espírita kardecista. Ele falou do apelo popular que o espiritismo tinha na primeira metade do século XX: “a ausência do Estado era suprida por instituições religiosas. Até hoje há a crença de que um espírito provoca a alteração mental. Se estiver nervoso, vá levar um passe e tudo vai melhorar”, acreditam.

“Periculosidade: do desvio à doença mental” reuniu os pesquisadores Ana Maria Oda, da UFSCAR, Fernando Dumas, da Casa de Oswaldo Cruz e Sandra Caponi, da UFSC. Flávio Edler, da Casa, foi o mediador.

Oda apresentou a evolução histórica dos conceitos da paranóia e discutiu seu significado, a partir de artigo de Juliano Moreira e Afrânio Peixoto. Dumas falou sobre o alcoolismo e as representações sociais da doença na literatura brasileira do século XIX. Caponi falou sobre “a origem de uma psiquiatria ampliada”, analisando as mudanças ocorridas no conceito de degeneração no final dos 1800.

jaime_anav
Ana Venâncio e Jaime Benchimol trocam ideias durante apresentação.


Pesquisadora da COC, Ana Tereza Venâncio e a professora de história da PUC-Rio, Margarida de Souza Neves, falaram sobre “os males da modernidade na República”, no caso a esquizofrenia e a epilepsia, em mesa redonda que contou com a presença de Jaime Benchimol como mediador durante os debates.

http://www.coc.fiocruz.br/comunicacao/index.php?option=com_content&view=article&id=198

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

TORNOZELEIRA ELETRÔNICA

Mais de 4 mil presos saem com tornozeleira eletrônica neste final de ano

O detento que não retornar à carceragem na data estipulada pela Justiça fica considerado foragido e perde o direito do regime semiaberto

21 de dezembro de 2010 | 1h 15

Ricardo Valota e Bruno Lupion, do Estadão.com.br
Dos cerca de 21 mil detentos que cumprem pena em regime semiaberto no estado de São Paulo, um total de aproximadamente 18 mil deve ser beneficiado neste ano com a saída temporária de Natal e Ano Novo entre os dias 23 de dezembro e 3 de janeiro. Em 2009, receberam o benefício 23.331 e não retornaram 1.985 (8,5%).
A novidade deste ano será o monitoramento dos presos por meio das chamadas tornozeleiras eletrônicas. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), por enquanto apenas 4.635 do montante passarão por este monitoramento. O preso que não retornar à carceragem na data estipulada pela justiça fica considerado foragido e perde o direito do regime semiaberto. A tecnologia, autorizada mediante decisão judicial, deve será aliada da polícia e da Justiça para tentar controlar os passos dos detentos, muitos dos quais podem ter sido já recrutados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para eventuais ataques a órgãos públicos e bases policiais.
Na capital e Grande São Paulo, o monitoramento eletrônico será realizado em 1.379 detentos (Centro de Detenção Provisória I do Belém - 201; Centro de Detenção Provisória II do Belém - 145; Centro de Detenção Provisória de Santo André - 69 - Centro de Progressão Penitenciária de São Miguel Paulista - 68; Penitenciária Feminina de Sant'Anna - 147; Penitenciária Feminina da Capital - 66; Penitenciária Feminina do Butantã - 683).
Na região noroeste do estado, serão 1.650 ( Penitenciária de Araraquara - 43; Penitenciária de Marília - 450; Penitenciária I de Reginópolis - 416; Penitenciária II de Reginópolis - 376; Penitenciária de Avanhandava - 120; Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara - 30; Centro de Ressocialização Masculino de Araraquara - 76; Centro de Ressocialização Masculino de Lins - 39; Centro de Ressocialização Masculino de Marília - 50; Centro de Ressocialização Masculino de Ourinhos - 50).
Já na região oeste paulista, serão monitorados 878 detentos ( Penitenciária I de Mirandópolis - 135; Penitenciária de Presidente Prudente - 165; Penitenciária de Lucélia - 40; Centro de Progressão Penitenciária de Valparaíso - 205; Centro de Progressão Penitenciária de Pacaembu - 205; Centro de Ressocialização Masculino de Araçatuba - 38; Centro de Ressocialização Masculino de Presidente Prudente - 45; Centro de Ressocialização Masculino de Birigui - 45).
Na região central do estado, a tornozeleira vai monitorar 728 presos (Penitenciária de Casa Branca - 150; Centro de Ressocialização Masculino de Limeira - 74; Centro de Ressocialização Masculino de Mococa - 206; Centro de Ressocialização Masculino de Mogi-Mirim - 118; Centro de Ressocialização Feminino de Piracicaba -180).

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,mais-de-4-mil-presos-saem-com-tornozeleira-eletronica-neste-final-de-ano,656354,0.htm